sábado, 24 de dezembro de 2011

Conto miúdo de Natal


Ele tinha somente sete anos e muitos sonhos.
O menino franzino de olhos graúdos precisava trabalhar para ajudar a mãe sustentar os outros seis irmãos mais novos. Aos sete anos de vida, já tinha a responsabilidade de levar o pão para casa mas nem por isso era menos criança que outras.
Todo Natal, esperava o velhinho rechonchudo trazer o que ele segredava baixinho no escuro antes de dormir. Sonhos de menino...
Passaram-se três anos e o menino estava cansado e decepcionado com a ausência do bom velhinho. Foi então que ele resolveu fazer o que um amiguinho aconselhou: "Enche uma bota com água e coloque atrás da porta dos fundos. Ele vem, já aconteceu comigo."
Animado em ter finalmente descoberto o segredo de Seu Noel, ele enche uma bota d'água e espera ansioso pela  realização de seu pedido.
Nesse mesmo Natal, o menino sonhador de mãos frágeis, correu eufórico em direção a porta. Nada encontrou. Somente a bota cheia de água e  sonhos largados no chão.
Hoje, o menino tem cinquenta e dois anos e continua cheio de responsabilidades de adulto mas nem por isso menos criança. Continua sonhando e segredando coisas em silencio. Agora com uma diferença. Não espera por ninguém. O menino franzino tornou-se senhor de seus próprios sonhos.

Fonte
             


Pai, 
eu te amo!
Você me inspira todos os dias. 

sábado, 10 de dezembro de 2011

Para além da Semiótica III

Fonte: The Zeitgeist Movement.com

sábado, 3 de dezembro de 2011

Luneta 47 - O oposto da fala


A fumaça do cigarro jogada pela boca trêmula e o rosto figurando choro entregam a atmosfera do momento. A noite está fria e o céu escuro entorpece o quase silêncio da madrugada. As mãos passam inúmeras vezes sobre a cabeça e o contínuo caminhar de um lado ao outro da sacada explicitam ainda mais a ruptura da paz costumeira na vida daquele casal. 
Ele entra apontando o dedo no rosto dela. A voz alterada parece ensurdece-la. Ela o empurra, escarra mil e uma palavras e vira as costas. Estão discutindo sem controle. As falas não são interrompidas pela escuta de um deles um minuto sequer. São duas vozes que ecoam da sacada do trigésimo nono andar do ND, são duas vozes contaminadas pelas substâncias da 
ira e do ego. 
Nesse momento, as expressões faciais falam de tristeza e desgosto. Expelem ódio pelos poros, engolem lágrimas. Braços protestam conturbados e mãos poderiam mesmo estrangular. 
Agora, parece que ela está indo para o quarto. Fazer as malas, talvez? Jogar todas as roupas dele pela janela? Pegar uma arma? Está desesperada, não sabe o que fazer. Ele permanece na sacada. Está sentado, olha para os lados e  chacoalha as pernas freneticamente. Levanta e tira algo do bolso. Vai para o quarto. A cortina entre a sacada e quarto permite apenas uma visão parcial de ambos. Com um movimento brusco, atira um papel sobre os pés dela e seguem discutindo.  Ela acende outro cigarro e volta para a sacada, debruça parte do corpo na mureta e fica alí deixando o sangue quente descer para o rosto e o vento frio passear pelas costas. Pouco provável que pule. A linguagem do corpo diz o contrário. Parece relaxado, pendente no ar. Talvez ela esteja retomando fôlego para quem sabe assim, acalmar. 
De repente, a cortina se abre e ele reaparece. Desacelera o passo e fica alguns segundos ali parado, vendo aquela imagem. Uma figura debruçada no sereno do escuro, o contorno do corpo quase perdido numa neblina leitosa, completamente entregue a noite e a ira. Uma figura exalando cheiros e sentimentos. 
Ele se aproxima e como  por impulso, puxa a mulher pelo braço, encosta bem o corpo no dela e com olhos ainda molhados um beijo é arrancado. Um beijo motivado pela raiva ou talvez pela profusão dos sentimentos. Um beijo que diz que às vezes o oposto da fala não é o silêncio. Um beijo para contrariar a ideia cristalizada do divã: "é conversando que se entende."
Um beijo infinitamente faminto. 
Agora, as cortinas estão fechadas e a noite já não está  tão fria.


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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Bolinho de bacalhau

Arrisquei brincar um dia desses de fazer bolinho de bacalhau ou pastel de bacalhau como dizem em Portugal.
Aprendi a fazer bolinho de bacalhau com um portuga apoixonado por esse prato e que sabe todos os truques de ponto da massa, fritura e sabor desse aperitivo.
Encontrei esse video  para complementar a receita mas o passo a passo é o mesmo.

Foi assim:

Usei 400g de bacalhau dessalgado e desfiado.                                                                
Deixei de molho na agua de um dia para o outro e depois    de desfiado,     escorri bem.    1






                         
200g de batata cozida e espremida. 
As batatas foram cozidas sem sal e  com casca para evitar absorção de agua.              2                                                                                                                                                   






                                                                                                                 

Misturei a batata, o bacalhau, 1 gema, 1 cebola branca picada, salsa e uma clara batida em ponto de neve.                               3                                                       



Modelei os bolinhos e fritei em óleo de coco. A temperatura e quantidade de óleo aparecem no video indicado acima.    


Tenho lido algo sobre os beneficios do óleo de coco  e apesar de quase nunca fazer fritura, eu preferi pesquisar um possivel oleo mais saudavel para usar na cozinha (para variar o extra virgem de oliva):











segunda-feira, 28 de novembro de 2011

D@s talentos@s com...




Filipe Metal: O Bárbaro


sábado, 26 de novembro de 2011

Terráqueos


Esto que llevamos por dentro es trozo de una parte trascendente que hemos guardado y no sabemos donde. Nos olvidamos.

Esto es la ansiedad por el desconocido, son ecos de un déjà vu, es polvo del principio, es lamina que corta suave pero sin exactitud.

Esto son pantalones favoritos en los que ya no cabemos, son semillas de una fruta que huele fétida en el suelo, es la certeza ciega y todavia lejana de lo ideal. 

Esto que llevamos aún es bello y tibio, es el chico curioso cuestionando al joven soñador, es gráfica sin mano, veneno y antídoto.

Es una pregunta apresurada  y aun prisionera por manuales que siquiera instruyen, es poesia que ya no se siente. 


Esto que tenemos es la triste belleza del samba de una tarde de Domingo, es rio pereciendo, es oración en silencio y espasmos no escuchados.

Amamos aun de modo desconectado.
Amor atrapado, amor perdido, amor  que no rellena al rededor.
El amor que no lo es. 
Solo pretende.



                                                        Google Image

domingo, 20 de novembro de 2011

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

domingo, 13 de novembro de 2011

As dores e prazeres de decorar

Decorar casa é algo que pode ser muito divertido até você começar a pensar em combinação de cores, harmonia, Feng Shui, misturas de estilo, texturas, constrastes etc, etc e etc. 
E o medo de errar? De tudo não conversar com nada? De investir tempo e dinheiro em objetos e móveis idealizando uma decoração legal que ao final não agradou?
Aqui, o processo foi lento por dois motivos. O primeiro por causa de dinheiro. Preferimos pagar de vez à pagar parcelas. É desse jeito que a vida funciona melhor para nós. Parcelar, somente quando não tivermos saída e nem beco, caso de emergência mesmo (uma viagem para o Brasil amanhã?).  Rindo     
Como optamos em comprar móveis que oferece uma qualidade melhor primando pela durabilidade deles, isso demandou tempo para juntar dinheiro, pesquisar em lojas com preços mais acessíveis e só então nos decidirmos. 
O segundo motivo tem relação com o primeiro parágrafo, o "cagaço" de errar já que a responsabilidade em decidir pelas cores da decoração e todo o resto foi delegada a minha pessoa  - delegada por mim mesma (: - e foi   que o tormento começou. E o que é que a gente faz quando quer e/ou precisa aprender algo?
Vai em busca, né ? Dã! Envergonhado Em meu caso, pesquisei na internet, troquei ideias com amig@s, visitei blogues diversos, telefonei para o amigo decorador de interiores (na cara de pau), fui em muitas lojas garimpar preços e escolher objetos, improvisei e consultei revistas e livros. 

Tudo pelo prazer de fazer algo em conjunto, mesmo com todas limitações que temos e dispondo tudo que está ao nosso alcance. O desafio maior é imprimirmos um pouquinho de nós, deixar que cada coisa na casa conte uma história, ter o gosto de olhar e gostar de verdade porque no final, é isso que me interessa, olhar e nos agradar, nos identificarmos com o ambiente, gostar mesmo. 
Depois de oito meses de ter começado a comprar as miudezas, isto é, a parte mais leve $$$ da decor,  vamos começar a tirar tudo das caixas e colocar no lugar somente na próxima semana.  Ainda tem coisa para fazer, como o quartinho de jogos do 'menino', um corredor e o backyard mas preferi esperar pelas ofertas do mês de Dezembro que "num sô boba nem nada." Agora o negócio é desembrulhar tudo e brincar de casinha cruzando os dedos. 

Deixo aqui algumas referências de materiais que usei. 


Entre os quatro livros que comprei, esse  foi o a-cha-do! Ele me ajudou compreender um pouco sobre a harmonia de paletas de cores, como usar contrastes sem perder o equilíbrio, como misturar estilos e texturas sem "contaminar" o ambiente, de que forma o jogo de luzes e sombras ajudam a focar na decor aquilo que queremos e, entre outros pontos interessantes, aborda também a questão da relatividade quando estamos falando de decoração de interiores. O que não funciona na minha casa, pode ficar muito bem na sua. Depende do tamanho dos cômodos e o que pretendemos fazer com eles, da passagem de luz que entra e sai, da iluminação artificial entre outros aspectos. Embora tudo isso tenha me fascinado e ajudado a planejar o visual do espaço que temos, eu procurei não me prender muito a eles para não podar a criatividade e identidade pretendida. 

http://www.brincandodecasinha.com.br/
Eu curto esse blogue faz um bom tempo, antes mesmo de pensar a decorar aqui em casa. Primeiro pelo bom humor e jeito divertido como a blogueira se comunica e, depois pelas dicas úteis que na maioria dos casos ajudam a resolver questões com aquilo que temos em mão ou seja,  um jeito acessível de trasformar ambientes. 

http://www.margaretss.com.br/

Esse é outro blogue que eu amo. Inspira criatividade, instiga o trabalho de reaproveitamento, inspira humor dos bons e oferece um monte de ideias geniais para quem curte e se desafia ao DIY. Além de tudo isso,  Margaret  responde os e-mails com toda atenção do mundo, é super educada e disposta a ajudar nas questões das visitantes do blogue. Nem preciso citar sobre o talento dela. Basta olhar o trabalho.

Outros sitios que visitei:



quinta-feira, 10 de novembro de 2011

As de Outubro - fiz e gostei!

Servido com salada verde e suco de caju.

Com vinho tinto, seguindo a linha dos portugas.

Com muita verdura e o meu  rosé vagabundo.

Com pão comum.


Com o meu favorito Jasmine Oolong daTeavana

Com chá de pêssego.

                                                                                                                                                                 


terça-feira, 1 de novembro de 2011

O primeiro de muitos


Você ainda não sabia mas estava bem ali em minha frente, me procurando em meio a multidão. Foi  que você avistou o jardim de flores amarelinhas que meu vestido te oferecia e me sorriu arcoirisando tudo.
Seu olhar perdido dentro de um azul feliz fazia sambar o meu castanho.
Suas pernas atenderam logo o sinal de meus dedos que, tímidos, tocaram as suas mãos... tão frias, meu amor, tão frias mas que aqueceram as minhas. 
O abraço ansiado e longo exalava o perfume de limpo de sua camisa branquinha. Camisa branca de algodão que já avisava o que eu nem havia desconfiado:

ser feliz ao seu lado não poderia ser mais simples.

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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Minha bruxa nasceu!


Estou fazendo magia agora. Revelando a bruxa faz muito escondida nos limos de mim e que, até aqui, somente estava se preparando para nascer.

Para isso, começo por separar alguns instrumentos de magia.

Colher ervas das matas é o primeiro passo. Cada uma tem sua função especifica e que juntas, podem emanar poderes sobrenaturais. Por isso as seleciono cuidadosamente.

O segundo passo é  desembrulhar a grande coleção composta por cumbucas, colheres de pau, caldeirão, cristais, punhal, pentagrama, o livro das sombras e uma túnica.

O terceiro e último passo é acender velas e incensos,  preparar as infusões  e invocar todos os espíritos da Natureza e outros do Universo. A partir daí, a magia começa:

- dizer 'não' tão alegremente quanto um 'sim'. De verdade, sem penares e culpas;
- compartilhar somente se me sinto bem fazendo;
- guardar a racionalidade no bolso de vez em quando e ceder crédito a intuição;
- priorizar mais tempo para coisas que eu gosto de fazer do que para aquelas que eu tenho que fazer;
- independizar-me de mim mesma e me divertir com isso;
- falar menos, muito menos e escutar mais;
- continuar sendo grata por ainda sentir gratidão e oferecer o melhor de mim para pessoas que me veem, muito além das que somente me percebem;
- respeitar a representação do passado e deixá-lo onde está;
- expressar  minhas afeições de maneira genuína, somente da maneira que sei e  reivento, ainda que seja por meios vistos como os mais bobos;
- aprofundar o entendimento da razão de vazios me preencherem imensuravelmente mais que os cheios;
- voltar a escrever cartas para pessoas que me inspiram;
- dizer a verdade quando alguém me pergunta se estou falando sozinha e não me sentir mal em assustá-las;
- pedir desculpas para uma pessoa do meu passado e
- buscar ver o lado positivo de minhas deficiências transformando todas naquilo que eu quiser.

E assim a mágica está feita. A bruxa despe-se de sua túnica por agora, sobe na vassoura encantada e voa.

 Mais feliz e leve.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

D@s talentos@s com...




                                  O traço descontraído de Guilherme Caspar

domingo, 23 de outubro de 2011

Escondendo carne moída by Jim



      




            Video da receita: shttp://www.youtube.com/watch?v=x69lz_0NBRA     



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Luneta 56 - Doce infância


O garoto pede para a mãe algo que parece ser a coisa mais importante do mundo. Faz mil caras. Arqueia as sobrancelhas, faz bico, aperta os olhos, sapateia. A mãe segue irredutível. Nega o pedido com o gesto típico de cabeça. Cochicha algo em seu ouvido. Nada feito. Ele bufa estufando as bochechas e recomeça a fazer as caras e bocas em sequência frenética e resmungando. Agora parece argumentar seu pedido para ela, tentando vencê-la pelo cansaço, talvez. Depois de alguns minutos, ela enfia a mão na carteira e tira umas moedas. As caras e bocas se transformam agora em um sorriso que surge tomando toda a face do menino e, graciosamente, revelando a ausência de um dente. Sapateando com as moedas na mão, rouba um beijo estalado da 'pessoa mais legal do mundo' e sai correndo em direção a uma máquina de algodão doce.
Agora existe somente o garoto, o algodão doce e três sorrisos. 
Algodão doce, pipoca, caramelo e palhaço têm sabores diferentes nesse mundo. Esse mundo onde tudo cabe. Todos os sonhos e estórias. Casas que voam e girafas que surfam. Arvores que falam e tartarugas que correm. Amigo invisível e céu de chocolate. 
De repente esse mundo se transforma e você pode comer algodão doce sem que ninguém proíba. Ah! Finalmente liberdade! 
E eis que surge uma descoberta. O sabor de tudo já nao é o mesmo e agora você é  prisioneiro da saudade gostosa do mundo onde outros milhares cabiam. 

D@s talentos@s com...



  Luana e Jessica: Graciosas!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Poema sem nome


Um lado do meu amor
É amendoeira de raiz imodesta
Estoura as calçadas e ruas da cidade
Compromete alicerces, canos e frestas
Com seu tronco viril de mil anos de idade

E o outro lado
Tem copa frondosa e galhos tímidos
Sopra de leve o asfalto, refresca o calor
E derrama sobre os passantes distraídos
Folhas e flores maduras de amor.

domingo, 16 de outubro de 2011

Para além da Semiótica

René Magritte. Bruxelas, 1898/ 1967
Isto não é um cachimbo


Para não esquecer:  Lição 1 - Diferenciar:




                 Olhar                                                                                    Enxergar     
                                                                                                                     
                                                                    Ver                                                                                        

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

3 desejos


Eu queria, nem que fosse por empréstimo, a sensualidade sinuosa dos textos de Adélia Prado, o erotismo melindroso das letras de Djavan e a sedução de Bethânia nos palcos.
Mas não tenho.
Vim sem modos, sou quase obsceno.
O que sinto, cuspo.
Alma vem com o tempo.

D@s talentos@s com...


por mi culpa, 2011
Other Sculpture,
5.4 x 10.5 X 3.5 inches



cajita, 2006
Other Drawing,
8 x 10 inches 

footsteeps, 2011
Acrylic Painting,
33.5 x 37 inches 


     heydiddle diddle, 2011    
Charcoal Drawing,
14 x 17 X 2 inches 



O Expressionismo terno e dilacerante de Rosemary Cantu.
                   Eu adoro!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Frango com quiabo

Lembrei de ter comido frango com quiabo uma  vez em um restaurante mineiro na cidade de Itabuna na Bahia. Não deu outra. Fiz o prato e me empanturrei derespeitando a minha regra do 90% satisfeita. Foi 100. Sem dó 


domingo, 2 de outubro de 2011

Continuação de carreira nos EUA - Parte 1


Talvez uma das etapas mais angustiantes de quem chega aqui sem um trabalho garantido seja exatamente buscar um trabalho, mais especificamente em casos como o meu.
Eu estava no início de minha carreira quando vim para os Estados Unidos, cheia de planos e ideias direcionadas ao meu trabalho. Cheguei com o mínimo de inglês e com pouca ideia de como minha carreira aconteceria aqui mas com a firme intenção de continuar, mesmo consciente das dificuldades que eu poderia enfrentar ou de possíveis mudanças no script.
Um ano e seis meses de resultados positivos em relação aos steeps que, antes de tudo, eu precisava realizar. Pronto. Hora de trabalhar. Mas por onde começar?
Eu decidi começar por onde eu já havia há nove anos: trabalhar com Educação. O caminho tem sido árduo e estressante. São muitos documentos para solicitar, reformulação de projetos, testes, verificação de grade curricular e carga horária de cursos extra curriculares. É muito chão nesse processo e por mais que você tenha quem te ofereça uma mão, muitas vezes, parece que a batalha é só sua. E acaba sendo. Ninguém vai lutar por sua carreira por você. 
Segundo a consulta que recebi, uma vez que você tenha uma graduação ou pós-graduação em uma universidade no Brasil, você precisa verificar se o seu curso tem equivalência curricular com o curso correspondente aqui. As consultas podem ser marcadas nos departamentos de educação do estado onde você mora nos EUA. Lembrando, cada departamento, a depender do estado pode adotar critérios diferentes para avaliação do processo mas pelo que percebi, quanto maior a carga horária e semelhança em termo de conteúdos, maiores as chances de você conseguir revalidar o seu curso aqui podendo precisar cursar apenas algumas disciplinas. Eu não tenho muito a contribuir sobre esse assunto porque ainda estou no começo de meu processo e as informações que tenho ainda estão cruas entretanto, não dá para passar por todo esse processo burocrático sem fazer algumas reflexões. No momento, eu tenho inúmeras, mas só vou deixar uma.
 Eu não acho que os ministérios de educação dos países não devam avaliar, de alguma forma, o título profissional de um estrangeiro. Mas o que percebo é que a conclusão do direito de poder continuar com uma carreira em um pais estrangeiro não pode ser regulado a partir da obtenção de uma pasta de documentos ou um A computado em um teste porque, supostamente, não são somente documentos e testes que decidem a sua formação e diploma. Eu acho injusto que alguém tenha uma formação, seja qual for, e mude para outro pais e tenha que se submeter a trabalhar naquilo que 'eles' decidem. As universidades de medicina em Cuba, por exemplo, são consideradas uma das melhores em todo mundo mas quando um/a cubano/a chega aqui, independente dos anos de experiência, precisa refazer o curso de medicina em uma universidade aqui. Alguma chance de pelo menos agregarmos conhecimento e nossa bagagem nessa sociedade? É como se tudo que você aprendeu juntamente com suas habilidades fossem desconsideradas. Então, porque essas instituições de conhecimento são nomeadas UNIVERSIDADE? Vale uma pesquisa sobre a origem do nome. 
 Eu, ironicamente, refiro a mim mesma nessas consultas como "sortuda". A minha grade curricular tem equivalência com um curso correspondente aqui no Sul dos EUA. Mas enquanto esse processo longo e chato rola, eu poderia estar esperando. Esperando chateada e indignada. Eu tinha dois caminhos: 1- ficar remoendo agonias enquanto um grupo de pessoas decide o curso de minha vida profissional aqui ou... 2- tentar fazer algo inusitado por mim. 
Eu preferi a opção 2 e tenho me surpreendido.  Que bom!

Sometimes...

eu tiro a purpurina do potinho...

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

D@s talentos@s com...






                                

                                                     Vércia Gonçalvez: Grande!


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Bagunçando o arrumado.


Arrumar armário é coisa que gosto. O que me motiva não é o pressuposto. Não, o armário não está desorganizado entretanto, precisa ser bagunçado. Explico.
As roupas de frio, as malhas, roupas intimas, as camisas, vestidos, saias, jeans, sapatos, lenços e bolsas estão no lugar que foram cuidadosamente postos e repostos após cada uso e lavada. Estão todos no lugar de sempre. E  é aqui no "sempre" que a minha necessidade de bagunça começa.
Pensando melhor, a blusa de lã não precisa mais combinar com as botas. Talvez o vestido azul de algodão não tenha que ser usado com aquela bolsa de couro como aquela vendedora recomendou. Posso transformar aquele colar em cinto e tingir aquela saia. Retirando as cestas de meias desse cômodo, encontro aquele short que ninguém mais usa mas que eu adoro. O vestido de paetê nem me agrada tanto. Hora de me desfazer dele. Acho uma nova utilidade para aquela calça laranja. No meio da bagunça, descubro um novo cantinho para arrumar minhas camisetas favoritas. No lugar dos cintos, resolvo organizar minhas caixinhas de bijuterias. Cabem melhor.
E assim vou desarrumando o arrumado, encontrando alternativas, descobrindo novas peças, excluindo outras e criando novos espaços para as futuras.
Às vezes a vida nos exige essa desarrumação também. É preciso mexer no arrumadinho, tirar tudo do armário e mexer naquilo que foi o de sempre. É preciso fazer bagunça nas ideias engavetadas e repensar no argumento dado 'aquela velha necessidade, desencaixotar aquele desejo antigo e sempre adiado para o futuro que não chega. É necessaário se desfazer daquele modelo o qual você nunca coube, ser receptivo para a nova alternativa que se apresenta e reencontrar aquela pessoa que você nunca havia experimentado. Afinal, Things Change. Titulo de uma ótima comédia. Recomendo.

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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Efeito SPA

Chuva ansiada, Edu Lobo na caixa e um Jasmine Oolong no bule.

Tudo que eu precisava hoje. 






quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Amigas/os talentosas/os

Um dia me perguntaram o motivo do meu gosto por filmes tristes.
Eu não sabia como responder a pergunta mas sabia que eu não gostava somente de filmes tristes, gosto de filmes que revelam beleza. 
Os conceitos de arte assim como o de beleza são subjetivos, eu não vou me ater a eles aqui. O que posso dizer é que a arte, de maneira mais ampla, sempre despertou em mim sensação de ressurreição mas sobre essa sensação, posso falar em outra postagem. Hoje, quero falar de amigas/os talentosas/os.
Tenho amigas/os talentas/os. Consigo ver em muitas/os uma capacidade fascinante em desenvolver ideias ligadas a arte que se não estão publicamente reveladas, estão com certeza presentes por onde eles passam.
Por exemplo, tenho um amigo que toca teclado. De baixo do pé de uma mangueira, quando o vento sacode um punhado de folhas secas,  ele recomeça pela derradeira vez o blues do fim da tarde. E eu, sonhando, quase durmo.
Tenho outro amigo que transforma música em imagens. Traços que me levam a lugares que não conheço.  Outro amigo escreve e me põe a refletir de maneira mais profunda sobre o assunto articulado. Uma amiga que imprime emoções em versos. Uma outra que pinta e faz esculturas. Outras/os declamam, fazem rir, cantam, inventam objetos e contam estorias.
Eles/as criam e reinventam sensações e por achar isso belo, a partir de hoje, vou aproveitar esse espaço para "guardar-mostrar" essas belezas.

Adélia Prado explica O Poder Humanizador da Poesia mesmo em contextos tristes, o que me faz compreender de maneira mais ampla meu gosto por muita coisa.





segunda-feira, 27 de junho de 2011

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Fome de dizer


Há algumas semanas, postei   no A Brazlian Housewife in the USA um texto que falei, entre outras coisas, sobre a saudade que sinto de me expressar através das diferentes formas do dizer, bem peculiares da Língua Brasileira. Entre outras razões, essa saudade talvez deve-se a minha percepção angustiada em relação ao ensino ainda engessado da Língua Inglesa oferecido na maioria das redes de ensino nos Estados Unidos. Tenho uma professora de inglês que, sob o meu ponto de vista, faz um excelente trabalho. É motivadora, “humana” e dinâmica, o que justifica minha opinião sobre sua atuação em sala de aula. Mas um aspecto sobre o ensino de língua que questiono, como também no Brasil, é a resistência que ainda existe sobre a prática de ensino da língua e o ensino da adequação do uso de suas variedades. O/a aluno/a vai para escola para aprender a ler e escrever na língua padrão. Ponto. Ele/a já tem o conhecimento das variedades porque essas já fazem parte do cotidiano deles/as. O ideal seria que a escola desse uma importância maior e mais séria em relação ao ensino da adequação da língua e suas variantes em diferentes contextos, como cito no texto abaixo. A partir desse ponto de vista, venho refletindo sobre a prática do ensino de uma língua para uma não-nativa, ou seja, o meu caso. Eu não falava e nem lia inglês antes de vir morar nos Estados Unidos. Eu não tenho os pés fincados nesta cultura e, portanto, não tenho conhecimento das variedades da Língua Inglesa daqui. Esse aspecto, inerente a língua em qualquer cultura não faz parte do conteúdo programático da escola onde estudo. Em outras palavras, apenas parte de uma língua me está sendo ensinada. O que fazer? Por hora, resta-me vivenciar esse conhecimento out of school. Hoje, resolvi organizar melhor as ideias do texto e postá-lo aqui no DSM, mas não poderia deixar de citar meu contentamento e alegria em saber que está sendo distribuído pelo Ministério da Educação do Brasil o livro Por Uma Vida Melhor de Heloísa Ramos para a rede pública de ensino brasileira. O livro toca nas questões acima mencionadas, preconceito linguístico, adequação do uso da língua, ensino da Língua Portuguesa nas escolas entre outros questionamentos. A mídia anda dizendo que o referido livro está criando polêmica. Será mesmo o livro que está criando polemica? O companheiro Guilherme Caspar lança um olhar diferente aqui: Desconhecimento linguístico, manipulação discursiva ou os dois? Outro texto que aborda questões interessantes sobre o assunto é Quem é o iletrado?, de mesma autoria, e que foi fruto de um comentário que ele deixou e NÃO foi publicado em um tal blog. (babados do mundo da blogosfera, rs)
Desejo aos/as tagarel@s uma ótima leitura!

FOME DE DIZER

Tenho sentido falta de falar Português brasileiro. Arri égua, tenho mesmo! Mais do que isso, sinto falta de me expressar através de “dizeres” peculiares da Língua Brasileira, mais especificamente, os do Nordeste. Não seria diferente já que cresci no meio de pessoas que se comunicavam, a maior parte do tempo, usando uma lista vasta deles. Dos mais engraçados e ricos em significados aos mais carregados de preconceitos, os quais cutucavam sempre a minha atenção, talvez pela possibilidade de análise ainda imatura da semântica, que eu tentava fazer, do que pelo próprio uso “automático” no cotidiano.
Anos mais tarde, a partir dessa inquietação, tive a ideia de escrever um projeto para o CNPq, durante a minha graduação em Letras na Universidade Estadual de Santa Cruz, Ditos Populares na Região Sul da Bahia: Origem e Mudanças. Foi uma viagem massa que me convidou não somente a entender as faces da "língua em pó", mas a continuar entendendo sua diversidade. Foi realmente um convite para:
- Compreender que preciso ter o domínio do conhecimento das regras propostas pela Gramática Normativa, mas vê-la também através de ângulos diversos e assim questioná-la e investigá-la e pensá-la. Sempre.
- Perceber a língua como instrumento vivo, que está em constante mudança e que, exatamente por isso, sua bisavó foi um pitéu, sua mãe brotinho e você é uma gatinha. (se eu não estiver atrasada, claro. rs).
- Repensar sobre o conceito extremista de “certo” e “errado” quando penso na pergunta dirigida para um nativo brasileiro: Você fala bem o Português? "Certo" e "errado"... conceitos ainda tão deturpados nas instituições de ensino e na sociedade.
- Pensar na língua e suas variedades como ferramentas democráticas de comunicação que podem e devem ser usadas, compreendidas e aceitas em diversos contextos.
Depois disso e de acessar outros conhecimentos, troquei meu disco! Hoje, eu penso que o que deveria existir é o direito dos falantes terem o Conhecimento Diverso da Língua Portuguesa! - que para mim, make sense to say Língua Brasileira - Ter o direito ao conhecimento diverso da LB é saber  usá-la livremente, podendo adequá-la em contextos variados. Quanto mais um falante conhece as variedades da sua língua, mais domínio e entendimento ele terá  sobre a mesma e o mundo que o cerca.
 Mesmo apreciando a música francesa e compreendendo significados, mesmo lendo notícias em italiano, falando espanhol, estudando inglês e tentando absorver o máximo de como essa língua funciona aqui, eu ainda não domino essas línguas. Ainda não pratico essas diversas formas do dizer inerentes a elas. Falar uma língua não é dominar um conjunto de regras somente, é saber decodificá-la e compreendê-la a partir de vários ângulos. Então, fica a nostalgia de falar “caralho”, “tomar na sua porra”, “não mexa com fogo”, “muchibento/a”, “pimenta no uc dos outros é refresco”, “quem rir por último, rir melhor” (mesmo não concordando, rs), “de boa intenção o inferno anda cheio”, “vai te catá” , “se pica daqui”, “massa”, “fique na sua” e tantas outras formas do dizer.
Como esse blog é canal de interação e troca de experiências, pensei na possibilidade de trocarmos esse conhecimento. Então você que fala inglês, que domina essa língua, que está aprendendo ou que tem o mesmo interesse que o meu, matemos a fome de dizer e digamos! Mesmo sabendo que dizer FDP e sanavabiti tem sabores diferentes. Diga o que você sabe, qualquer expressão, gíria, ditado popular, linguagem virtual or any way to comunicate.

Desde aqui, minha contribuição. Pebinha... mas é contribuição. rs


1 - “ginormous” (grandão, enorme, gigantesco). Eu ouvia isso toda hora e ficava pensando... “que diabo é isso?” Uma hora o contexto explicou sem precisar de tradutores online ou dicionários.2 - “Frenemy” (amigo/a fingido/a, falso/a, duas caras). É uma mistura de friend (amigo) com enemy (inimigo). Vi em um filme e numa revista e fiquei curiosa. O marido ajudou na explicação.3 - “Let sleeping dogs lie” (não cutuque o cão com vara curta, não brinque com fogo, deixa pra lá). Eu só lembro desses por agora, se lembrar de outros, volto e posto.


Abraço nocês tudin!


Luz