O garoto pede para a mãe algo que parece ser a coisa mais importante do mundo. Faz mil caras. Arqueia as sobrancelhas, faz bico, aperta os olhos, sapateia. A mãe segue irredutível. Nega o pedido com o gesto típico de cabeça. Cochicha algo em seu ouvido. Nada feito. Ele bufa estufando as bochechas e recomeça a fazer as caras e bocas em sequência frenética e resmungando. Agora parece argumentar seu pedido para ela, tentando vencê-la pelo cansaço, talvez. Depois de alguns minutos, ela enfia a mão na carteira e tira umas moedas. As caras e bocas se transformam agora em um sorriso que surge tomando toda a face do menino e, graciosamente, revelando a ausência de um dente. Sapateando com as moedas na mão, rouba um beijo estalado da 'pessoa mais legal do mundo' e sai correndo em direção a uma máquina de algodão doce.
Agora existe somente o garoto, o algodão doce e três sorrisos.
Algodão doce, pipoca, caramelo e palhaço têm sabores diferentes nesse mundo. Esse mundo onde tudo cabe. Todos os sonhos e estórias. Casas que voam e girafas que surfam. Arvores que falam e tartarugas que correm. Amigo invisível e céu de chocolate.
De repente esse mundo se transforma e você pode comer algodão doce sem que ninguém proíba. Ah! Finalmente liberdade!
E eis que surge uma descoberta. O sabor de tudo já nao é o mesmo e agora você é prisioneiro da saudade gostosa do mundo onde outros milhares cabiam.
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