Uma escala, um cancelamento de voo, um telefonema e o coração na boca.
Ela estava por perto. Que sorte! Atende o celular e verifica o transito no noticiario. Não estava caótico como de costume então, o convite para um café estava aceito.
Café e papo gostoso embora o barulho da multidão típico de aeroportos estivesse incomodando. A empresa aérea já tinha reservado a hospedagem mas ele terminou por aceitar o convite de virar a noite ouvindo o ensaio de uma banda numa garagem e de jogar conversa fora com a velha amiga que não via há anos.
Depois de depositar a mala num quarto e de um banho quente, ele se oferece para fazer um café. Era fim de tarde e o dia quase frio pedia mesmo um outro. Desta vez, um misterioso, artes dele na cozinha. Chocolate no fundo da xícara, a menta roçando o céu da boca e no aparelho, ABBA. A conversa, o riso solto na cara e as gargalhadas podiam ser ouvidas de todos os cantos do apartamento. Os anos que trabalharam juntos na fabrica trazem agora boas lembranças e ele sempre soube fazê-la rir desse jeito franco e entregue. Todo infantil.
Enquanto ele fala do presente cotidiano, ela se esforça para não desejar o que já foi.
Cruza a perna, prende o cabelo e desvia o olhar desesperado.
Eles estão distraídos num papo sobre Haikai e os garotos já estão quase prontos na garagem. Antes, a banda precisaria afinar alguns instrumentos e entao, eles seriam atraidos pelo som da bateria ensurdecedora. Eles permanecem sentados no sofá e o papo agradável continua. Ele relembra de algumas sensacoes em comum aos dois e ela continua se esforçando para nao se entregar aos desejos, ele não ajuda.
Fora do seu habitat, ele ainda demonstrava discreto desconforto e insegurança através da postura tensa na beira do sofá e de gestos interrompidos. Ardente e ávida ela soube esperar sabiamente. Quando ele, finalmente, escorou as costas ela foi até a cozinha e voltou para se sentar ao lado dele oferecendo-o um simples copo d´água. Água que não foi bebida e que nada podia apagar.
Certos das consequências daquela aproximação, ambos começam a se entregar.
Carícias, olhares e risos cúmplices desfeitos por abraços envolventes. Ela ainda negava seus lábios excitando-o mais e mais para que, insanamente, a noite começasse de fato.
Quando o baterista encontrou seu ritmo na garagem, ela nota que seu corpo quente e pequeno já se encontrava descompassadamente trêmolo contra a parede fria do corredor. O rastro de roupas que insistia em os atrapalhar teve seu fim.
Um beijo é roubado, ofegante, o mais bonito e torturador. Beija outra vez, cheira e abraça enquanto é arrastada pelos quatro cantos. As mãos grandes guiam o rosto dela ate os olhos dele e, com acidez, a direita, estapeia uma das faces. O mundo para. Um abraço seguido de choro é dado e palavras escavadas pelo tempo são cuspidas na cara agora.Pranto, pranto e mais abraços. Depois, somente o fogo.
Arranca-lhe a saia, desabotoa a camisa, morde, belisca e examina. Enfia os dedos na nuca e aperta os lábios contra os dele.
De joelhos, ele abraça as pernas. Lança um olhar comprido e pedinte, quase um devoto em fila de procissão. Esqueceu do passado em segundos, o tempo era o Agora: abocanha, lambe e chupa a vulva. Levanta, abraça pela derradeira vez, acaricia o lado da face ainda quente pelo tapa. Abre-lhes as pernas, acomoda a cabeça nas coxas e despetala de fora para dentro num ritmo descompassado.
Respira, suspira e se contorce inteira. Ele sopra, encosta a língua bruscamente e afasta de uma outra maneira mais lenta. Lambe e lambe reverenciando e com tanta intimidade tal como se língua e clítoris fizessem parte do mesmo tecido. Sobe e beija a boca, mama suavemente nos seios, brinca nos ouvidos, no umbigo e com as mechas do cabelo dela.
Vê e vislumbra o peito. Deita sob os pelos. Lambe os lábios e os olhos. Esfrega os mamilos e as partes mais quentes sob a barriga dele. Mordisca ali e la. Morde mais, aperta e umedece o falo sem nada falar. Devora-o! Ponhe-se roxo e teso por completo. Vagalumeando-ando e ando. Chupa e chupa. Desliza, empurra e prende no céu da boca. Engasga, respira profundo e beija mergulhando suave-sem-fim. Ele geme e avança sem pudores. Tira, aperta o olho, esmurra o colchão. Suga os lábios dela pela milésima vez e os olhos confirmam tudo sem que a boca nada revele.
Em silencio ela o-come. Cavalga. O corpo dança ondulado, mais ainda que os cabelos. As mãos cravadas na cintura estimulam o movimento. O mais profundo. As certezas todas ali, conectadas em movimentos e palavras que nao dizem. O corpo agora de pé e nu, pende suave nas costas feminina e, as mãos de macho estão cheias de ancas. Ele mete e ela cerra os olhos apertando os músculos internos. Brinca, olha e sussurra. Come! Ele retira em desespero e ela geme sorrindo. Se abraçam em concha e mãos apalpam os seios num delírio gostoso. O falo aceso roça as nádegas e se projeta como raio rasgando o céu vermelho. Quadril e tronco dançam freneticamente, os lábios estão presos entre os dentes, o saco vibra vigoroso entre as coxas e, juntos, sucos exalam.
Amores escorrem entre pernas e lençois.
Corpos deitam em meia-lua, trémulos ainda.
Sem culpas e configurações.
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