segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Nas carreiras

Jim faz aniversário no mês de dezembro e desde de agosto, eu  planejava  fazer uma festinha para ele. Uma coisa assim, intima, entre amigos e familiares, nada muito elaborado: petiscar coisinhas, tomar um vinho, uma cerveja, ouvir musica e rir muito. Simples e alegre, como ele. 

Esse ano,  ele passou todos os feriados de dezembro em casa. Sabendo disso e, que eu também estaria de folga do trabalho e da escola nesse período,  ele propôs viajarmos para San Antonio, uma cidadezinha aqui nas redondezas. Como nos divertimos muito sempre que vamos, achei que poderia adiar a festinha dele para o próximo ano. Trato feito! 


Um dia antes do aniversário, já estávamos com os paninhos de bunda arrumados e muita musica legal para ouvir na estrada. Daiii...  um telefonema mudou tudo. Surpresas boas são sempre bem vindas. Então tudo bem viajarmos um outro dia  já que estaríamos duas semanas em casa. E junto com a surpresa boa uma proposta indecente de minha sogra: "Já que vocês não vão viajar, que tal fazermos aquela surpresa que você pensou em preparar para ele?"


Mas como assim fazer uma festinha no último minuto? E os meus quitutes, confetes,  piñatas e balangandãs?
Nem preciso dizer que aqui nos EUA,  é de lei muitas festinhas cederem ao 'compre tudo pronto'. Se eu tenho algo contra? Nadica de nada. Ao contrário. Mas para esse momento, eu idealizei algo diferente do que costumo ver por aqui, algo  muito parecido ao que nós, brasileiros, ainda fazemos.


Eu queria dedicar meu tempo preparando coisas, por mais simples que fosse a minha proposta. Queria escolher as musicas favoritas, os petiscos, as bebidas, tudo. Com cuidado, com carinho, sem pressa para que tudo fosse curtido, inclusive por mim.
Dai que misturamos as duas ideias. Compramos umas coisas prontas e eu coloquei a mão na massa em outras. La fui eu picar mula para o mercado, improvisar tudo que eu tinha pensado e resumir tudo em uma madrugada.

Mas e cadê o pigmento para o moranguinho? Ah, não tem drama! Se eu colocar um pouquinho de pó artificial vermelho para suco, deve funcionar igualzinho. E o chocolate granulado para o brigadeiro? Corre aqui, corre acula, não acha. Ah, se eu decorar com esse trequinho azul vai ficar ate engraçadinho. E assim fui improvisando tudo.
La pelas tantas, ainda estava fazendo coxinha, esfiha, beijinho (vermelho) - eu falei pra todo mundo que  era red kiss e foi sucesso, haha - spring rolls, delícia de abacaxi, bobó de camarão no chips, brigadeiro e isso e aquilo quando...

fui interrompida : "Porque você esta fazendo tudo isso? É tarde, vem dormir." Com a cara mais cínica do mundo: "Eu não sei, de repente podemos receber algum amigo ou  famíliar, e' bom ter docinhos, essas coisas na geladeira, todo mundo gosta." Com uma cara não muito crente e ainda mais cínica que a minha: "Humm, eu sei." 
Nessa hora, senti a tristeza de Cebolinha ao ver seu plano infalível arruinado por Sansão e pensei: "Porra, estlaguei tudo, ele esta desconfiado agora." Assim mesmo continuei. Enrola o salgadinho, coloca no forno, enrola os docinhos, arruma nos copinhos de papel, faz a calda de abacaxi, mexe o bobó... 


Uma das caracteristicas que eu mais aprecio em Jim  é a de ele não ter perdido a capacidade de se encantar com o trivial, de não ter abandonado o pedaço lúdico. Aprecio a  espontaneidade como ele se comunica brincando,  como experimenta o que gosta com plenitude, se entregando sem preocupações com rótulos e estigmas.  Se ele quer pular, pula, se quer brincar, brinca, se quer gargalhar, gargalha. Sem controles remotos. E por ele não ter perdido essa criança, essa coisa bonita...


eu gostaria de ter preparado algo que representasse isso com muitos confetes, pirulitos, algodão doce, trampolim, tudo com a energia dele. Mas acho que ele deu boas gargalhadas  com as plaquinhas no palito de churrasco estampadas com os simbolos do time que ele curte e com a inicial do nome dele, os pratos de papel com as figuras do Darth Vadar, Yoda e toda cia do Star Wars, a metade da coleção  de brinquedos  arrumados em cima da lareira, os balões soprados na agonia dentro do banheiro e tudo mais que fizemos para a alegria do dia.

Eu gostaria que todos os amigos de Jim estivessem presentes. São poucos os que vivem aqui no Texas e por conta de termos decidido festejar no ultimo minuto, não houve tempo de convidar a todos, alguns estavam viajando, outros trabalhando mas os que vieram, fizeram a festa com a gente até as 2:00 da madruga. 
Se eu não tivesse ouvido a sogra, que tão alegremente saiu comigo para comprar a torta e  outros trequinhos, eu teria adiado a festinha dele. Coisa boa ter o amor de duas mulheres. rs


E todo mundo comeu, e todo mundo bebeu, e todo mundo papeou, cantou e brincou na festinha simples e cheia de bons sentimentos. Sentimentos maiores que a festa, com certeza. 


                Desejo que James continue sorrindo muito. Todos os dias.