Parece antagônico sentir saudade de alguém que vivia tão distante… mas não é. Não mesmo! Você dizia que eu era mais presente do que muitos que estavam por perto e eu te entendia. Eu te dizia que você era mais próximo do que muitos que estavam em volta e você me compreendia. A verdade, pai, é que você sempre esteve presente em mim. O meu gosto por conhecer lugares, histórias, música, pessoas e tantos outros interesses nesta vida veem de você. Tudo quanto meus olhos pousam me lembra você, sempre foi assim. Eu enchia sua memória de celular de imagens e narrativas esperando seus comentários sobre o velhinho cortando grama no final da tarde, os carros antigos nas ruas nos finais de semana, a molecada vendendo limonada no verão, o barulho da neve matinal, o prédio com ares do Velho Oeste, seu neto brincando de Rocky Balboa, o gospel da harpa cristã na rádio, as sinfonias natalinas nas igrejas, o cheiro do pão no mercado que o senhor gostava tanto, o ônibus escolar amarelo que você tinha fascínio… são tantas experiências sensoriais que me levam à você, são tantas memórias que se agigantam em mim agora que o senhor se foi…
Você continua presente, mais ainda do que quando vivíamos distantes. E isso não é antagônico. Não mesmo. Deus sabe que não e Ele sabe o quanto te amo e o quanto te entendi.