sábado, 10 de maio de 2014

Cigana


Bastou tinta de caneta e papel para desenhar a vida tal qual a vejo impressa bem na palma de minhas mãos.
Não é bem um texto, código ou diário secreto.
Não é poema, diagrama e nem partitura.
Não é notícia trágica no jornal vespertino, conto de fadas, canto de sereia ou recital.
É um todo.
Todo junto.
As vezes como a magia de chá quentinho no inverno.
Outras  vezes como por do sol entre bambusais ou eucaliptos.
As vezes como maremoto, trovoadas e bomba em Nagasaki.
Ou mesmo como chuva inesperada em pleno verano Porteño.
Danço de acordo ao ritmo
Me deixo levar e também levo
Mas somente quando quero.
Vê essa nota?
Tão descompassada e desafinada...
Faz parte também
Vê esses versos aqui que sequer rimam?
Eles compõem toda a obra.
Já reparou nessas linhas desencontradas e assimétricas?
Te asseguro, estão todas conectadas.
Sobem
Descem
Se perdem
Cambaleiam até...
Mas sempre se encontram!
Estão aqui todas essas linhas.
Todas impressas na palma de minhas mãos junto á todos esses pontinhos minuciosos que dizem muito mas sequer a metade do que meu silêncio e as entrelinhas significam.
Nas minhas mãos, estão traçadas as linhas que definem a minha vida e, contraditoriamemte, o poder que me foi concedido para mudar esse desenho quantas vezes for preciso e tal como eu desejar.
Cigana de minha própria vida.
 
 
 

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