domingo, 27 de fevereiro de 2011

Porta e aperto!

No começo do ano passado, passei por um aperto daqueles. Tinha acabado de chegar aqui nos Estados Unidos e com disposição para entender como funcionavam as coisas no novo pais de morada e as coisas na nova casa. Primeiras semanas foram meio embaraçosas. A dishwasher lavava mas não secava a louça porque eu não estava acionando o botão corretamente. A dryer parava de funcionar em exatos cinco minutos porque eu fazia confusão ao cronometrar o tempo ideal para secar e as roupas saiam de la ainda molhadas. Os sprinklers ficavam la fora girando sem medida a manhã toda.
Com o tempo, fui aprendendo como lidar com esses aparatos mas o que não esperava era ficar trancada pelo lado de fora por causa de uma porta. Uma suposta simples porta.
Sozinha em casa e de toalha (pronta para tomar banho) fui pegar minha cadela no quintal e quando voltei, a porta estava fechada. Mais do que fechada. Ela estava trancada, amarrada, presa com sete cadeados e provavelmente com um pacto poderoso com cola de sapateiro. Quando recuperei minha consciência, comecei a suar, a fazer dúzias de careta e xingar, mentalmente, mil palavras bem bonitas e mimosas. Empurrei o corpo com muita força contra a porta, girei a maçaneta 578 vezes, olhei para o céu e para o chão pedindo socorro não sei a quem mas a desgraçada estava la, sacaneando com minha cara. Era fim de tarde e o sol radiante (rindo de meu desespero, provavelmente), barulho de criança brincando pela rua (o que e' raro onde moro), vozes de gente rindo e eu... suando igual uma pamonha e pensando que diabos eu ia fazer.
Sair de toalha e pedir ajuda aos vizinhos com o inglês mixuruca que eu tinha? Não! Eu morreria de nervoso e talvez iria conseguir somente chorar. Se tivesse com roupa, me arriscaria. Mas de toalha? Tsc, tsc.
No entanto, sabia que eu precisava fazer alguma coisa e a única lâmpada que ascendeu no cabeção foi abrir o portão da lateral e passar correndo para a garagem mesmo se todo mundo achasse que eu fosse louca ou uma sem-vergonha mesmo. Fiz! Deixei minha bichinha no quintal e partí  sem olhar pra cara de ninguém. Com as mãos tremendo, digitei a senha do portão e a porta se abriu. Aquilo se abrindo lentamente foi quase como estar de joelhos pagando promessa em plena peregrinação. Valimideus! Que sufoco! Me enfiei la na esperança da porta que da' acesso a casa estar aberta. Sem sucesso! Eu sempre tranco tudo quando estou sozinha ou acompanhada. Mania. Precaução. Esse e' o preço que se paga por ser precavida. Me lasquei!
Acho que estava fazendo uns 42 graus na garagem, uns 40 fora e uns 70 em mim. Pudera! Verão no Texas. Inferno! Eu estava presa em minha garagem agora. Praticamente sem roupa, sem telefone, sem uma mísera ferramenta para destrancar a porta e sem força suficiente para arromba-la.
Fiquei chorando, desejando que Superman existisse. Achei que fosse morrer sufocada naquele calor. Me senti impotente. Se pelo menos eu tivesse o líquido magico que Alice bebe no Pais das Maravilhas para diminuir o tamanho... mas eu só tinha Windex no armário. Me deitei no chão e,   dormi por algumas horas. Acordei, abri só um pouquinho a porta da garagem, estava tudo escuro. Um repente:   eu podia ir correndo ate a casa de minha sogra pedir ajuda, pelo menos sao 18 minutos caminhando e uns 8 botando os bofe pra fora. Mas apareceu a cena ... mulher correndo de toalha!? Não, não seria uma boa ideia. Melhor caminhar.  E devagar. Sem olhar pra trás. Foi o que fiz.
Recebi um abraço, calcinhas, pijama limpo e tudo que eu precisava para uma noite inteira de sono em uma cama macia e fresca. Namorado foi me buscar bem cedinho. Estava assustado e preocupado. Eu, não mais. r

Obs 1: Nina dormiu comigo aquela noite.
        2: Plenamente consciente de que muitos nesta situação agiria naturalmente, caminharia pelas ruas de toalha sem constrangimentos, faria a dança da mímica para um vizinho... afinal, poderia acontecer com qualquer um mas minha timidez nunca aparece em boa hora. Eis meu problema.


4 comentários:

margaret disse...

Recebi o email e vim ler ne? porque nem se eu tivesse maluca ia perder isso aqui.
E venho lendo, lendo e pensando: a doida fez tem um tempao e so agora resolve avisar?
E chego nesse aqui e me acabei na risada. imaginei tu deitada na garagem de toalha no calor infernal.
Entao dei uma paradinha, tuitei esse post la no twitter e resolvi fazer meu primeiro comentario por aqui.
A doida.... ja sei que vou me divertir muito.

Eliane Pechim disse...

Sua amiga tem razão! Super doida! Rolei de rir! hahahaha.... Te imaginei naquele calorzão, de toalha, cochilando na garagem. Cara, eu também teria corrido pra sogra. Imagina se fosse eu, estaria fodida, não tenho sogra. hahahaha... Uma vez fiquei trancada fora de casa, mas aqui o que mata é o frio, né, a garagem é fechada mas neste inverno do cao de Michigan isso nao adianta nada. Abri a porta da garagem e fiquei dentro do carro, no quentinho, ate meu marido chegar pra abrir a porta pra mim. Mesmo com o heat do carro eu estava totalmente congelada porque isso foi no inverno passado. Nao quis ir pedir abrigo pros vizinhos porque, bem, nao conheço meus vizinhos. rs.... Marido teve de sair mais cedo do trabalho, que fica há 1 hora de distancia, pra vir em casa me socorrer. Nós e nossas mancadas. Mas quem nunca deu as suas?

Luz disse...

Genia - tu naum tem ideia do king que foi. Pior foi andar ate minha sogra de toalha, com um tenis furado, maior que meu pe e a cada passo, um ficava no pe e outro no chao. Sofri!

Luz disse...

Eli - ahahahahahhahahahahahhaha
Eu naum sabia disso, naum. Ate tu Brutus? ahahahahhaha Pelo menos tu teve o quentinho do carro pra ficar e eu que fiquei com a goela seca de sede com gata butecao de olho com medo de morrer asfixiada?
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk